sexta-feira, 7 de maio de 2021

Reunião Pública discute autismo e formas de inclusão

 


Uma síndrome de largo espectro mas de pouca inclusão e visibilidade, o autismo ainda é um desafio para a sociedade, especialmente para aqueles que lidam com autistas. Por isso mesmo, para debater o assunto com diversos segmentos, a vereadora Ana Lúcia (Republicanos) realizou a Reunião Pública: Autismo- avanços e desafios no processo de inclusão, na tarde desta sexta-feira (30), por videoconferência.

Além da vereadora  que presidiu o encontro, participaram  também Artur Nogueira, doutor em Análise do Comportamento, Andreza de Castro, presidente da Associação Mães de Anjos Azuis,  Dilza Gomes, gerente de Educação Especial do Recife, Ângela Lira, presidente da Associação Afeto, Juliana Valério, Mãe de Anjo Azul, Silvania de Paiva, professora e Valdenize de Paiva, Mãe de Anjo Azul, além de Fabiano Saraiva, Promotor do Ministério Público de Pernambuco.

Ana Lúcia ressaltou que a audiência pública tem os mesmos encaminhamentos legais  e que o resultado será levado ao Poder Público. Disse ainda que o mandato dela produziu projetos de lei que tramitam na Câmara do Recife, um que versa sobre uso obrigatório de placas para atendimento prioritário a autistas, outro que  dispõe sobre implantação de clinicas-escolas para autistas, fruto de uma audiência do mandato anterior, e que se não puder ser lei, que o Executivo envie um projeto para a Casa. E um terceiro projeto que  dispõe sobre regramento sobre fogos de artifício. “O desafio sempre foi fazer a inclusão, mais ainda agora que o diagnóstico aumentou, bem como a qualidade da informação de profissionais de saúde”.

Ângela Lira, presidente da Associação Afeto, disse que antes as pessoas nem sabiam o que era autismo e as escolas não recebiam esses alunos, mas com o tempo vieram as leis e o acesso. “Ainda há falta de conhecimento, importante para receber com qualidade para que a mudança aconteça, garantindo o futuro deles lá na frente. Falta conhecimento e direcionamento” Ela pontuou que até tempos atrás o curso de Medicina dava uma semana de aula sobre autismo e hoje há mais conhecimento. Em Psicologia tinha um mês de aula e os profissionais chegam ao mercado sem conhecimento, o que faz dos professores verdadeiros heróis.

O Promotor Fabiano Saraiva, enfatizou que o tema é importante porque proporciona ao aluno especial uma educação de mais qualidade. “É uma área muito afetada pela pandemia e esse público sofre muito, pois o aluno especial tem mais dificuldades que os outros”. Ele disse ainda que o Ministério Público tem ações para fazer valer o acesso de crianças especiais durante a pandemia. “Estamos atentos para que o retorno híbrido às aulas esteja dentro do esforço para que que as escolas adquiram equipamentos EPIS para todos, dando cumprimento à Lei de Inclusão Social garantida pela Constituição. E que os Promotores atuem junto aos diretores de escolas para que seja dado o devido cumprimento legal”.

Já Artur Nogueira,  especialista em Análise de Comportamento, frisou que o transtorno de espectro autista (TEA) é complexo e se dá em muitas frentes, e que  esta população é muito heterogênea e não podemos ter técnicas  lineares, cada um é um. “Não tínhamos pessoas com este preparo e hoje já temos pessoas com diferentes níveis de formação e que podem formar outros profissionais”.

Mas segundo ele é preciso mais pessoas capacitadas para fazer frente ao maior número de diagnósticos, pois a população em geral tem desconhecimento sobre o assunto. “As pessoas não sabem como se relacionar com portadores de TEA, por isso a necessidade de mais profissionais capazes de desenvolver políticas e estratégias para chegar nesta população. Temos alguns avanços como caminhadas sobre o tema, semanas de inclusão e  divulgação, mas precisa muito ainda”.

Silvânia de Paiva ressaltou que é pedagoga e quando começou não tinha informação sobre autismo, e foi muito difícil quando recebeu a primeira aluna autista. Ela disse que sensação era de que não saberia como atuar, mas fez especialização em Educação Especial para se qualificar. Acha que há mudanças e que os professores dão o melhor, mas que estas crianças precisam de apoio da rede de saúde. “De certa forma as pessoas já começam a reconhecer um autista, e aqueles com grau 3, mais severos, demandam mais atenção, aqueles com hipersensibilidade também e o professor sem especialização não pode atuar tão bem, e ele não substitui o fonoaudiólogo nem o psicólogo”.

Valdenise Gomes, mãe de  um Anjo Azul disse que a escola municipal da rede ajudou muito, pois a filha quando começou chorava muito, não brincava com outras crianças e a professora chamou a psicopedagoga, e foi aí que começou a luta em busca de um diagnóstico. “Nem sabia o que era e fui encaminhada para um neurologista e um  pediatra além de um psiquiatra. A escola ajuda as mães, mas é preciso atuar junto à rede de saúde, levei anos para conseguir as consultas”.

Andreza de Castro, afirmou que tem lutado pela causa e é professora da rede, mas falou como mãe. Há duas coisas importantes, uma parceria mais firme com educação e saúde,  mais forte e mais próxima, pois muitas coisas ficam pendentes. “Embora seja direito, as mães ao fazer matrícula precisam apresentar  o laudo para preencher, lutamos na Associação pela inclusão sem o laudo, pois existe dificuldade quando a criança precisa de um encaminhamento e não pode fazer sem o laudo. Acho que falta conhecimento porque é garantida a inclusão mesmo sem o laudo,  tem uma portaria do Ministério da Educação sobre isso”.

Juliana Valério, mãe de Anjo Azul  ressaltou que a escola e, portanto, a educação é a segunda casa dos autistas, pois eles passam muito tempo lá, é a extensão do lar deles. Por isso ela acha que precisa de pessoas preparadas.  “É preciso que sempre tenha o acompanhante, mas eles vão embora quando o contrato acaba, e há crianças que precisam muito desse suporte. Cada um é um ser singular”.

Adilza Gomes,  gerente de Educação especial da rede, ressaltou a importância de ouvir pais e mães, pois os desafios são grandes. Para ela a educação em Recife é diferenciada e tem investido muito na educação inclusiva, mas ainda pode melhorar. “Um dos passos é a escuta aos estudantes, pais, e professores". Disse, ainda, que a Gerência já conseguiu fazer algumas ações e hoje trabalha com este olhar de educação inclusiva  para todos.  Para ela se trata de uma construção em parceria com pais e professores. Disse também que estão investindo muito na formação dos professores e professoras desde a sala aula regular às especiais,  para que todos possam participar do processo de educação inclusiva.

“Temos seminários online abertos a todos justamente para levar mais conhecimento à rede. Trabalhando para aumentar a formação dos professores, termos ainda seminários sobre autismo, libras, saúde mental e outro sobre super dotação e autismo". Ela informou que todos podem entrar na plataforma e ouvir no canal do Youtube. "Temos aplicativos, jogos e sites com  instrumentos para alunos. Na pandemia disponibilizamos programa de TV Escola do Futuro e atividades sugeridas para os estudantes bem como atividades para estudante especiais”.


fonte: Câmara Municipal do Recife

 

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